1. |
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Ninguém tropeça em montanhas,
a manha está nos pormenores.
O fumo arranha, senhores,
mas evita bens menores.
Ninguém tropeça em montanhas,
os grandes problemas serão só morfemas pequeninos
enquanto o corpo é traído
no engodo da profissão.
Ao início, não sabemos que é o início,
não sabemos que as coisas começam,
e então as coisas começam.
Ninguém tropeça em montanhas,
não dá p’ra endireitar a sombra de um pau torto
Mas dá p’ra ir nau cega
que chega a bom porto
Ninguém tropeça em montanhas,
É o calhau pequeno que te faz vacilar:
Conta todas as pedrinhas no teu caminho
E nem vais dar pela montanha a passar.
Ao início, não sabemos que é o início,
Não sabemos que as coisas começam,
E então as coisas começam.
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2. |
Obviamente Rosas
02:34
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Quanto à maneira
que nos carregamos
como fardos,
uma graça corporal,
uma salva de símbolos.
Quanto ao nosso murmurar
todo desajeitado,
obviamente rosas,
claramente rosas.
Sinistra sinfonia de rosas.
Traço um híspido mal:
claramente rosas;
claramente rosas.
Engolem-nos as horas
recapitulamos, exasperamos,
sob um dossel de prazos,
reflectimos desorganizados.
Quanto ao nosso respirar
tosco e desajeitado,
obviamente rosas,
claramente rosas.
Sinistra sinfonia de rosas.
Traço um híspido mal:
claramente rosas;
claramente rosas.
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3. |
Política de Espírito
02:25
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Seja-se fresco,
inesperado.
Seja-se irredutível ao chegar-se à semântica das coisas,
porque-está-a-perceber,
queremos flutuar p’ra sempre nos antagonismos frágeis
que são o perfume da existência.
Seja-se novo,
deixe-se compreender.
Deixa cortina correr o poscénio,
sê um génio do saber perder,
porque-está-a-perceber,
queremos flutuar p’ra sempre nos antagonismos frágeis
que são o perfume da existência.
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4. |
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Estou de volta p’ra sentir o universo
dos tontos que se dedicam
a unir os pontos, até à figura.
Nem tudo é superação.
Quando éramos putos, de espíritos resolutos
não sabíamos duvidar e agora
estou de volta p’ra sentir o universo
dos tontos que se dedicam
a unir os pontos, até à figura.
Nem tudo é superação.
O lobisomem de Rio Tinto vem com um frio distinto
que não é deste mundo,
segundo os locais mais antigos,
é dois bichos e um vulto,
são caprichos do oculto que o Barão Lobo paga.
Feito cavalo branco de Gondomar
nasce na praia, galgando o mar,
corre sete freguesias numa noite
de este para oeste.
Vai na volta mais um dia que te cativa,
que encaixa na narrativa
a unir os pontos, até à figura.
Nem tudo é superação.
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5. |
Canção dos Vencidos
01:39
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Deixa-me cheirar o teu coração,
sabes que faço questão de sentir
o aroma dessa goma inocente
que foi obrigada a sentir por poetas
como se nada fosse só por ser,
daí o coração sofrer
como se o mundo tivesse mistério.
Não há nada que possas fazer.
Não me leves a sério
mesmo que eu insista em dar uma de sábio,
na volta esqueceu-me que o mundo não tem mistério,
como se o mundo tivesse mistério.
Não há nada que possas fazer.
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6. |
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Desculpa perfeição,
não te reconheci
com o fardo do mundo nos teus olhos.
Sabendo nós
que os afectos são pequenos fetos
de emoção,
Tanta vitória numa só,
ser sem espaço,
sair da ubiquidade para o momento.
Preferes a abnegação
mas não sei se o céu é p’ra ti.
Sabes que adorarão as tuas raízes.
Tanta vitória numa só,
ser sem espaço,
sair da ubiquidade para o momento.
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